sábado, 15 de março de 2008

História e introdução ao Jazz (parte 6)

New Orleans


Amigos, me deculpem a falta de tempo que tem me afastado um pouco. Mais vamo lá!

Hoje falaremos do lugar onde todos os elementos discutidos até agora se misturaram e se reinventaram. A cidade de New Orleans, fundada em 1718 por exploradores Franceses, foi a capital do Estado da Louisiana colonial francesa até 1762, quando passou para domínio espanhol, em que manteve se até o final do século; Tornou-se parte integrante dos USA em 1803. Era uma grande cidade portuária com posição geográfica privilegiada, as margens do Rio Mississippi e próxima da sua foz (aproximadamente 160 quilômetros), durante o século XIX e parte do século XX era o principal acesso pluvial para o Norte do país e um dos grandes pontos de passagem das rotas comerciais. Com isso a cidade recebia gente de quase todas as partes do globo. Os transportes pluviais através do Rio Mississippi dominavam, fazendo da cidade um importante pólo econômico e cultural.

Entre os primeiros colonos encontravam-se muitas famílias nobres e ricas, que cultivavam o gosto pela cultura, e dispunham de meios para promove la. Em termos culturais, New Orleans representava nos Estados Unidos aquilo que Paris representava para a Europa, sendo, por exemplo, a primeira cidade na América do Norte a ter uma companhia de ópera permanente! Além da ópera, havia o hábito de organizar concertos, que antecediam os bailes, pelos quais a cidade era famosa. Estes concertos seguiam o padrão europeu, com um programa longo e variado, incluindo obras para orquestra, música de câmara, recitais de piano, recitais de canto e obras corais. Outro elemento importante na vida cultural e social de New Orleans eram as bandas militares ou de metais. Depois da Guerra Civil (1861 a 1865), essa música floresceu e começaram a aparecer bandas de metais formadas só por negros. Uma década depois, já existiam bandas de negros que competiam com as melhores bandas de brancos. No fim do século XIX (ao contrário das primeiras bandas, extremamente ensaiadas e polidas), começou-se a desenvolver, talvez devido à infiltração gradual de músicos autodidatas, performances altamente improvisadas (característica primordial do Jazz), No repertório, além das peças militares, incluía-se peças baseadas em Espirituals, Baladas, Rags e Blues. A evolução destas bandas seria de extrema importância no surgimento do Jazz no principio do século XIX.

A música em New Orleans não servia apenas para dançar, ela era o acompanhamento obrigatório para quase todos os momentos da vida. Por volta de 1900 as bandas eram chamadas para todo o tipo de acontecimentos sociais: casamentos, enterros, inaugurações de lojas, piqueniques, recepções ou se apresentavam pelo simples prazer de tocar.

A música era particularmente importante para os negros; Ex-escravos ou filhos de escravos, criados na pobreza, a educação formal era um benefício praticamente inacessível, não podiam frequentar os mesmos locais que os brancos, praticamente não tinham outra distração a não ser a musica. Não tinham literatura, pois a maioria não sabia ler, sua entrada em teatros e museus era proibida, os jornais eram paginas locais da pior qualidade, não tinham revistas, rádio, TV, internet! Tornar se músico significava escapar de empregos mais pesados e menos remunerados e de quebra estar no meio de todos os acontecimentos e eventos da cidade.

É preciso tentar ver a coisa pelo lado deles; Por serem pobres, esses primeiros músicos negros não podiam comprar instrumentos novos e de boa qualidade, além disso, a maior parte desses músicos não tinha como pagar por aulas. Nesse período a expressividade e a capacidade de se diferenciar no fator criatividade era mais importante do que o fator técnica. Isso ainda pode ser sentido (apesar se tratar de uma gravação Dixieland) na gravação da Original Dixieland Jass Band que data de 1923 e que será comentada mais adiante. (Faixas 2 e 3 do CD de poio)
New Orleans proporcionava um ambiente ideal pra a música. A maior cidade do Estado da Luisiana já se distinguia de outras metrópoles da região tanto no plano econômico quanto no cultural, e teve sua própria música desde cedo. No início do século XIX, New Orleans era um caldeirão de raças, povos e credos; Havia europeus (principalmente espanhóis), latino americanos, escravos africanos... Todos eles praticavam as suas próprias tradições musicais. Tetemunhos nos dizem que lá tudo se ouvia: ópera francesa, folk songs, as danças espanholas, marchas, canções napolitanas, melodias cubanas, ritmos africanos, Blues, Spirituals, Ragtime e tudo o mais que fosse musical. Uma outra singularidade de Nem Orleans é que os ritmos afrocaribenhos eram mais prevalecentes lá do que em qualquer outro lugar (vide mapa) da União. E outra é a tradição dos instrumentos de metal e palheta.

Em 1896 foi aprovada em New Orleans uma lei municipal que restringia a prostituição a uma área de 38 quarteirões, essa região ficaria conhecida como Storyville.

Esse lugar merece um capítulo a parte que deixarei pra semana que vem. Então, até lá!

tiagotoxa@ig.com.br e Tiago Toxa também no Orkut!



Link QuebradoLink Quebrado? Link Sem FotoPost Sem Foto?

Nenhum comentário:

Postar um comentário