terça-feira, 3 de junho de 2008

Hamilton de Holanda Quinteto no Circo Voador

ENTREVISTA EXCLUSIVA - Hamilton de Holanda
Hamilton de Holanda e JazzMan!. Foto: Fernanda Melonio

E viva o poder da alegria!

Após o show no Circo Voador, Hamilton de Holanda concedeu uma entrevista para a equipe do blog JazzMan!, onde falou a respeito do trabalho, amizades, inspiração e pirataria. Confira agora.

Por JazzMan! e Fernanda Melonio

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JazzMan!: Brasilianos 2 é uma continuação do 1 ou não? Quais as diferenças notáveis entre os dois?

Hamilton de Holanda: Quando eu fiz o primeiro, já fiz pensando como uma trilogia. Então eu sinto uma coisa de amadurecimento desta produção e um entrosamento mais profundo entre os músicos. Uma coisa muito diferente que tem nele é que eu compus para cada um deles, pensando exatamente no que eles gostam de tocar, os acordes, a levada que gostam de fazer, uma parte mais difícil pro Gabriel [Grossi, gaitas] (que é quem gosta de desafios)... Acho que é por isso que o resultado é muito intenso. Eles se envolvem demais e é como se eles tivessem feito junto comigo. No outro disco, em dois anos, a gente fez 120 concertos, então passamos muito tempo juntos. Eu componho muito na estrada, e isso dá uma liga muito grande.

Um dos objetivos é encontrar uma linguagem muito brasileira pra esse tipo de som, inspirada no Villa Lobos, Pixinguinha, Wagner, Hermeto... Tocar o coração das pessoas, acho que é o que vale.

JM: Você disse que já vinha querendo tocar aqui no Circo há algum tempo. Como é tocar música instrumental para um público tão diversificado como o da Lapa?

HH:Depois de ter tocado algumas vezes aqui no Circo, já me sinto em casa. Mas é sempre uma surpresa, porque acho que é o lugar mais democrático do Rio de Janeiro, talvez do Brasil. Todos convivem de uma maneira – salvo algumas coisinhas – harmônica. Eu sempre tive vontade de tocar pra criança, pra doidão, pra coroa, pra roqueiro, pra gente do choro... Acho que a música que eu faço é pra qualquer um que goste de ouvi-la, não a faço pensando num determinado público. E o Circo tem isso. Tanto é que tem a galera que fica ali em pé, que fica a fim de se balançar; tem a galera que só tá a fim de ver, de analisar... Tocar aqui é uma mistura que na verdade é um resumo do Brasil. A gente se olha e vê um monte de coisas misturadas. Nós somos fruto disso. Tocar no Circo é estar no centro dessa história.

JM: Você está sempre fazendo colaborações: já trabalhou com Ivan Lins, João Bosco, Zélia Duncan... Pode adiantar alguma parceria que está por vir? Algum projeto paralelo?

HH: Estou gravando dois discos em parceria. Um é com um dos meus mestres de bandolim, Joel Nascimento, um cara que fez 70 anos ano passado e que, pra mim, é a maior autoridade viva de bandolim no Brasil. E gravei em janeiro um disco com o Yamandu [Costa], ao vivo, que deve sair até o final do ano. Tem outras coisas também... Na verdade aprendi isso com meu pai, que dizia: “Filho, aprende a tocar um instrumento ou, de repente, a jogar um vôlei, futebol, basquete, porque você faz mais amigos”. Isso acabou se tornando uma profissão, né? A minha profissão é arranjar parcerias, fazer amigos e viver dessa maneira. Tem umas que são mais duradouras e outras, embora sejam bonitas também, são mais rápidas. E cada ano vai surgindo alguma coisa nova...

JM: Você disse no show que logo irão colocar o seu CD para baixarem na internet. Enquanto artista de música instrumental, você acredita que isso ajuda ou atrapalha?

HH: Eu tenho uma opinião muito séria: eu não vou dar as músicas, mas não vou proibir que copiem, postem à vontade. Não vou proibir, não acho ruim, pelo contrário, acho até bom. Mas eu trabalho com isso... Quer dizer, por um lado é bacana porque divulga. Disponibilizei meu disco inteiro no MySpace, criei um canal de televisão dentro do meu site: a gente filma todos os shows e coloca lá... Tem esse negocio do CD a 10 reais...

Sou totalmente a favor da democratização dos meios: acho que é isso mesmo, não existe mais a maneira correta de se fazer, a que vai dar certo – mercadologicamente falando. Acho que depois que inventaram a internet, não vão mais conseguir criar uma só maneira, como antes existia o LP e o CD: agora são várias. Acho até bom que seja assim, a gente consegue atingir um número maior de pessoas.

Eu to fazendo isso através do meu site: coloco as músicas pro pessoal ouvir lá. Sei que já existe programa em que se pode baixar, mas eu não coloco.


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Um comentário:

  1. Excelente...
    O Hamilton demonstrou ter muita lucidez ao lidar coma questão da divulgação via internet e também das suas músicas...
    Fora que passou a autêntica simpatia do músico de jazz brasileiro...

    Excelente,quero tocar com ele também....

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