Hamilton de Holanda e JazzMan!. Foto: Fernanda Melonio
E viva o poder da alegria!
Após o show no Circo Voador, Hamilton de Holanda concedeu uma entrevista para a equipe do blog JazzMan!, onde falou a respeito do trabalho, amizades, inspiração e pirataria. Confira agora.
Por JazzMan! e Fernanda Melonio
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JazzMan!: Brasilianos 2 é uma continuação do 1 ou não? Quais as diferenças notáveis entre os dois?
Hamilton de Holanda: Quando eu fiz o primeiro, já fiz pensando como uma trilogia. Então eu sinto uma coisa de amadurecimento desta produção e um entrosamento mais profundo entre os músicos. Uma coisa muito diferente que tem nele é que eu compus para cada um deles, pensando exatamente no que eles gostam de tocar, os acordes, a levada que gostam de fazer, uma parte mais difícil pro Gabriel [Grossi, gaitas] (que é quem gosta de desafios)... Acho que é por isso que o resultado é muito intenso. Eles se envolvem demais e é como se eles tivessem feito junto comigo. No outro disco, em dois anos, a gente fez 120 concertos, então passamos muito tempo juntos. Eu componho muito na estrada, e isso dá uma liga muito grande.
Um dos objetivos é encontrar uma linguagem muito brasileira pra esse tipo de som, inspirada no Villa Lobos, Pixinguinha, Wagner, Hermeto... Tocar o coração das pessoas, acho que é o que vale.
JM: Você disse que já vinha querendo tocar aqui no Circo há algum tempo. Como é tocar música instrumental para um público tão diversificado como o da Lapa?
HH:Depois de ter tocado algumas vezes aqui no Circo, já me sinto em casa. Mas é sempre uma surpresa, porque acho que é o lugar mais democrático do Rio de Janeiro, talvez do Brasil. Todos convivem de uma maneira – salvo algumas coisinhas – harmônica. Eu sempre tive vontade de tocar pra criança, pra doidão, pra coroa, pra roqueiro, pra gente do choro... Acho que a música que eu faço é pra qualquer um que goste de ouvi-la, não a faço pensando num determinado público. E o Circo tem isso. Tanto é que tem a galera que fica ali em pé, que fica a fim de se balançar; tem a galera que só tá a fim de ver, de analisar... Tocar aqui é uma mistura que na verdade é um resumo do Brasil. A gente se olha e vê um monte de coisas misturadas. Nós somos fruto disso. Tocar no Circo é estar no centro dessa história.
JM: Você está sempre fazendo colaborações: já trabalhou com Ivan Lins, João Bosco, Zélia Duncan... Pode adiantar alguma parceria que está por vir? Algum projeto paralelo?
HH: Estou gravando dois discos em parceria. Um é com um dos meus mestres de bandolim, Joel Nascimento, um cara que fez 70 anos ano passado e que, pra mim, é a maior autoridade viva de bandolim no Brasil. E gravei em janeiro um disco com o Yamandu [Costa], ao vivo, que deve sair até o final do ano. Tem outras coisas também... Na verdade aprendi isso com meu pai, que dizia: “Filho, aprende a tocar um instrumento ou, de repente, a jogar um vôlei, futebol, basquete, porque você faz mais amigos”. Isso acabou se tornando uma profissão, né? A minha profissão é arranjar parcerias, fazer amigos e viver dessa maneira. Tem umas que são mais duradouras e outras, embora sejam bonitas também, são mais rápidas. E cada ano vai surgindo alguma coisa nova...
JM: Você disse no show que logo irão colocar o seu CD para baixarem na internet. Enquanto artista de música instrumental, você acredita que isso ajuda ou atrapalha?
HH: Eu tenho uma opinião muito séria: eu não vou dar as músicas, mas não vou proibir que copiem, postem à vontade. Não vou proibir, não acho ruim, pelo contrário, acho até bom. Mas eu trabalho com isso... Quer dizer, por um lado é bacana porque divulga. Disponibilizei meu disco inteiro no MySpace, criei um canal de televisão dentro do meu site: a gente filma todos os shows e coloca lá... Tem esse negocio do CD a 10 reais...
Sou totalmente a favor da democratização dos meios: acho que é isso mesmo, não existe mais a maneira correta de se fazer, a que vai dar certo – mercadologicamente falando. Acho que depois que inventaram a internet, não vão mais conseguir criar uma só maneira, como antes existia o LP e o CD: agora são várias. Acho até bom que seja assim, a gente consegue atingir um número maior de pessoas.
Eu to fazendo isso através do meu site: coloco as músicas pro pessoal ouvir lá. Sei que já existe programa em que se pode baixar, mas eu não coloco.
Link Quebrado? Post Sem Foto?
Excelente...
ResponderExcluirO Hamilton demonstrou ter muita lucidez ao lidar coma questão da divulgação via internet e também das suas músicas...
Fora que passou a autêntica simpatia do músico de jazz brasileiro...
Excelente,quero tocar com ele também....