Após dar o pontapé inicial do movimento fusion com os álbuns "In A Silent Way" e "Bitches Brew", ambos de 1969, Miles passou dois anos e meio testando novas sonoridades, adaptando seu som a novos estilos e caindo ainda mais de cabeça em novos ritmos e sons totalmente diferentes ao estilo ligado ao Jazz. Suas perfomances ao vivo entre 1970-72 eram verdadeiros laboratórios sonoros, onde Miles, muito bem acompanhado (incluindo dois músicos Brasileiros, Airto Moreira e Hermesto Paschoal) criava verdadeiros colossos sonoros com essas misturas e experimentos. Ao entrar em estúdio em junho de 1972, muito influenciado pela black music de Sly and Family Stone, Funkadellic, Steve Wonder e Isaac Hayes, decidiu fugir da temática experimentalista de seu antecessor Bitches Brew e colocou uma sonoridade altamente dançante, negra e de impacto. Chamou (como sempre) um time impecável de músicos, entre eles Herbie Hancock, que também estava trilhando um caminho parecido em juntar o jazz com a musica negra (no qual lançaria outro marco fusion, o álbum Head Hunters no ano seguinte) e após rápidos jam sessions, surgia um de seus melhores trabalhos, On the Corner. Na primeira música, a faixa-título On The Corner, percebemos a intenção de Miles de colocar o jazz um caráter altamente rítmico e de impacto. Nessa canção, altas doses de batidas africanas se misturam a solos de teclados, saxofones e de trumpete, criando às vezes a sensação de estarmos num ritual africano ou numa sessão de magia, tamanha a força musical da faixa. Já Black Satin, tem um ritmo altamente dançante, nitidamente inspirado no Funk (Com boa dose de qualidade do grupos como Sly e Funkadelic), destacando-se aqui o ótimo baixo de Micheal Henderson e as deliciosas pitadas da guitarra de John Mclaughlin. A ótima One and One brinda com uma deliciosa performance de Jack Dejonette na bateria e John Mtume na percussão, dando base aos ótimos solos que Miles realiza nessa canção. Helen Butte/ Mr. Freedom X (na verdade uma alusão ao líder negro Malcom X e ao grupo político panteras Negras) realça o caráter de Miles de imprimir uma sonoridade negra em seu trabalho. Aqui, o funk, o blues, a musica africana e o soul se alternam de forma eficiente e empolgante em seus mais de 20 minutos de duração. Esse Álbum ao ser lançado, foi impiedosamente massacrado pela crítica, que acusou Miles de denegrir o jazz e na verdade ter feito um disco apenas para ganhar dinheiro. Miles demonstrou desprezo pelas críticas e continuou indo cada vez mais ao extremo em suas misturas musicais até se retirar temporariamente do cenário artístico por problemas de saúde em 1976. Um disco excelente da excelente fase Elétrica desse excelente músico.
Musicos:
Miles Davis - Trumpete
Chick Corea - Teclados
Herbie Hancock - Teclados
Dave Liebman - Saxofones
John Mclaughlin - Guitarra
Micheal Henderson - Baixo
Jack Dejonhette - Bateria
John Mtume Foreman - Percussão
Faixas:
01 - On the Corner
02 - Black Satin
03 - One and One
04 - Helen Butte / Mr. Freedom X
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Esta postagem é uma parceria entre o blog Jazzman e o blog borboletas de jade
Boa audição - Namastê.
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Excelente artigo sobre a trajectória do Miles na fase em que "imigra" para outras sonoridades. Foi uma época em que saem as obras "Amandla" e "Get Up With It", nas quais faz referências a Moçambique (meu país) - "Calypso Frelimo" e "Catembe". Até hoje averiguo o que tem Miles a ver com Moçambique. Alguém me ajuda?
ResponderExcluirUm abraço de Maputo, Moçambique.
Show de postagem!!!
ResponderExcluirExcelente!!!
Valeu!
Que massa. Tava lendo o álbum do Chick Corea do "Clássicos dos Jazz" e vi que ele tocou com Miles Davis (eu nao sabia). E encontrei esse álbum do Davis.
ResponderExcluirVou baixar para conferir e conhecer.
Abraço