segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

ENTREVISTA EXCLUSIVA - Mauro Senise



Aos 37 anos de carreira, Mauro Senise é um dos mais importantes saxofonistas brasileiros da atualidade. Discípulo de Paulo Moura e Odette Ernest Dias, Senise começou a aprender mais sobre os grandes nomes do jazz e logo se tornou muito requisitado para gravações e performances em grupos, além de fazer parcerias com grandes nomes como Wagner Tiso, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Romero Lubambo e Gilson Peranzzetta, dentre outros. Senise também desenvolve diversos trabalhos paralelos, como as gravações e apresentações com o grupo Cama de Gato e o Quinteto Pixinguinha, além de estar à frente do Quarteto Mauro Senise.

Mauro concedeu uma entrevista exclusiva ao blog JazzMan!, onde falou um pouco das principais influências em sua música, das parcerias e de seu novo trabalho, "Casa Forte", onde homenageia Edu Lobo.

Colaboração: Fernanda Melonio

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JazzMan! - De acordo com Ricardo Cravo Albin, você começou ouvindo o rock de Jimi Hendrix, The Doors e Bob Dylan e descobriu o jazz no apartamento vizinho, freqüentado por Vitor Assis Brasil e Tenório Jr. O que foi que te chamou a atenção no jazz? Como foi descobrir que queria ser músico?

Mauro Senise - Me chamou a atenção a liberdade com que os músicos de jazz podiam tocar. A vontade de ser musico só apareceu quando comecei a estudar flauta com Odette Ernest Dias e sax com Paulo Moura. A coisa foi aparecendo aos poucos, fui me encantando com esse mundo mágico da música.

JM - Desde que iniciou a carreira profissional, você esteve envolvido em parcerias com músicos muito influentes: Egberto Gismonti, Luís Eça, Hermeto Pascoal, Wagner Tiso... Como foi trabalhar com eles assim, em início de carreira?

MS - Tocar com todos estes mestres foi a melhor coisa que podia ter acontecido comigo. Aprendi muito, muito com o enorme talento deles...Com Wagner Tiso, que foi o primeiro com quem toquei, fazia muitas gravações para outros artistas. Sempre com arranjos dele, o que me deu boa experiência em estúdios. Com Hermeto, que conheci no início da minha carreira numa gravação do Taiguara, cresci muito como músico de palco. Cada show era completamente diferente do outro. Quando ele se mudou para o Rio, morou na minha casa por uma semana e foi maravilhosa a nossa convivência. Com Egberto viajei pela Europa toda, gravei na famosa ECM, os ensaios eram muito criativos, muita gravação com orquestra para trilhas de cinema e balé. Isso contribuiu muito para o meu amadurecimento profissional. Com Luiz Eça toquei bastante ao vivo e tive muitos ensaios na casa dele, aprendendo sempre com aquelas harmonias diferentes. Luizinho era muito criativo e cada show era uma viagem mágica. Enfim, todos estes foram uma grande escola para mim! Tenho profundo respeito e gratidão por todos eles. Mas tenho o mesmo pensamento com relação aos músicos com quem toco hoje em dia. Só toco com gente a quem eu admiro e com quem posso "trocar altas figurinhas"...

JM - Dentre os diversos trabalhos que já fez, quais você destacaria na sua carreira?

MS - Como eu disse acima, todos os trabalhos que fiz com estes mestres são de suma importância pra mim. Hoje, tenho o meu quarteto (que leva meu nome), e mais algumas formações que me dão muito prazer: meu duo com o pianista, compositor e arranjador Gilson Peranzzetta (que já tem 20 anos!), meus duos com os pianistas Itamar Assiere e Gabriel Geszti, meu duo com a harpista Silvia Braga, o Cama de Gato (desde de 1985) e o Quinteto Pixinguinha (fundado em 1973), por exemplo. Em todas estas formações, estou sempre aprendendo...

JM - No seu último trabalho, "Casa Forte", você homenageou um artista que admira bastante, Edu Lobo. Fale um pouco como foi fazer esse tributo e parceria, uma vez que o próprio Edu participou do álbum.

MS - Toquei muito com o Edu, em shows e gravações. Sempre admirei muito a sua obra, suas composições, não só a parte melódica, mas as harmonias. Já tinha gravado a música "Casa Forte" em um de meus discos com o Peranzzetta e sempre a toco ao vivo, nos meus shows. As músicas do Edu, que têm letristas incríveis (como Chico, Vinicius, Capinan etc.), se prestam perfeitamente para versões instrumentais. Ainda fui presenteado por ele com duas músicas inéditas, "Arpoador" e "Valsa Carioca", além da presença preciosa dele em "Canção do Amanhecer", com o seu jeito de cantar grave, elegante e macio. Sou fã também do Edu cantor... Fazer uma homenagem a ele era um sonho antigo. Fiquei felicíssimo com o resultado, que produziu o CD e um DVD, ambos lançados pela Biscoito Fino.

JM - Por fim, vamos falar sobre o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Enquanto músico, o que você acha de termos no Brasil um festival deste porte, que busca dar acesso à boa música e o que o público pode esperar do seu show?

MS - O Rio das Ostras Jazz & Blues Festival já faz parte do circuito internacional de festivais de primeira classe! Já tive a honra de participar deste festival há alguns anos atrás e pude sentir a boa energia que vem da platéia, bem como o profissionalismo dos organizadores. Stenio Matos é um craque e o festival é o resultado do seu heroísmo: levar boa música para grandes platéias. Meu show será com o meu quarteto: Itamar Assiere no piano, Paulo Russo no contrabaixo e Ivan "Mamão" Conti na bateria. Vamos tocar o repertório do Casa Forte, mais dois temas do Victor Assis Brasil, "Steps" (um blues) e "Waltz for Phil", que gravei no meu CD "Dançando nas Nuvens". Mais alguns standards do jazz. Vamos tocar fogo em Rio das Ostras!

http://www.myspace.com/maurosenisebrasil
http://www.maurosenise.com.br/

Site do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival 2008

Mauro Senise toca Edu Lobo - Choro Bandido (YouTube)
Mauro Senise toca Edu Lobo - Ponteio (YouTube)

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4 comentários:

  1. Entrevista gostosa... Acho que podemos (e devemos) continuar com esse trabalho. Parabéns!!!

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  2. Excelente entrevista,muito boa mesmo....
    Muito bom ver a humildade de um jazzista de mão cheia....
    Pois o que tem de "nego" se achando por aí....

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  3. vamos tocar o fogo em rio das ostras!
    :)

    parabéns léo!

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  4. excelente entrevista com um dos mais importantes saxofonistas brasileiros, parabéns!
    e que venha o festival! :)

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