sexta-feira, 15 de agosto de 2008

1958 - Jazz At The Plaza

Em minha humilde opinião, não há músico mais importante no jazz do que Miles Davis, mas há quem discorde eu sei. Há quem diga, por exemplo que o supracitado não figura entre os melhores trompetes e que é cultuado com falso idolo de fé paga para os fundametalistas cegos de crença. Mr. Davis já foi assunto de fumegantes discussões no Clube dos pescadores de fim de semana e continuará sempre despertando paixões efusivas e ódios convulsivos - mas nunca desprezo. E eu pergunto: que outro músico pode ser sinônimo de um ano? Explico. Em 1956 o quinteto de Miles Davis - o melhor que o jazz produziu - gerou quatro albúns, entre maio e outubro daquele ano e com tíulos gerundianos, o que explica à idéia de continuidade como se eternizados fossem, e realmente são.' Cookin', Relaxin', Workin' e Steamin' formarão uma batalha pura de sons inovadores. Miles e seu quinteto: John Coltrane - sax. tenor, Red Garland - piano, Paul Chambers - baixo e Philly Joe Jones -bateria, tornaram esse ano memorável porque escreveram o que seria o jazz dali pra frente, criando o modelo de "combo", formação padrão que seria seguida até os anos 70. São 25 faixas, ao todo retratando o que melhor existe no jazz. Cinco músicos de talentos extraordinários que juntos e inspiradíssimos, elevaram o jazz com fraseados de impecável inventividade e com diálogos que gerações futuras tentariam copiar. E tudo que é bom tem gosto de bis diz o letreiro da propaganda da caixinha que os pescadores carregam e outro momento de uma simple mudança guardou para sempre um dos melhores... jazz at The Plaza Vol. I, registo gravado em 28 de Julho de 1958 num dos melhores e mais prestigiados hotéis de Manhattan no Condado de Nova Iorque, no antológico Hotel Plaza numa festa da Columbia Records com o The Miles Davis Sextet, os mesmos músicos que gravariam um ano depois o mítico "Kind of Blue", que viria ser um clássico de Miles, eternizando nas mentes de todo apreciador de Jazz com excepção dos fundamentalistas. São apenas quatro faixas: If I Were a Bell, Oleo, My Funny Valentine e Straight, No Chaser. Três delas (as últimas) são clássicos imortais, gravados e regravados por músicos cujo talento se incumbirá de torna-las eternas. A Producão ficou a cargo do já conhecido produtor e "amigo" Teo Macero, uma aguia que tudo vê e Irving Townsend para uma Reedição da serie "I love jazz série" de Henri Renaud, que contaria com outras gravações de musicos para o selo virgente da Serie. Era a primeira vez que o jazz se fez ouvir no luxuoso Plaza, onde a nobreza desfilava pelas escadarias e corredores de perfeito gosto. O hotel abriu suas portas em 01 de Outubro de 1907, fruto do sonho de três homens ambisiosos: Bernhard Beinecke um financeiro, Fred Sterry um hoteleiro e Harry S. Black o presidente de uma empresa de construção. Edifíado com 19 andares e dois anos para ser erguedo a partir do projecto original de Henry Janeway Hardenbergh; custou na época 12 milhões de dólares. Por mas que me atenho ao sideman Bill Evans e a John Coltrane com seu sopro pessoalíssimo, abro um parenteses a Jimmy Cobb, cuja performance na bateria é inacreditavelmente segura, certeira, intensa. Sem contar Cannonball (no sax alto) e o magnífico Paul Chambers, no contrabaixo. Por quê? E só ouvir My Funny Valentine e você entenderá, de imediato a perfeita razão. Mas proponho que você vá mais longe - e ouça todo o disco. Curioso o que Irving Townsend explica nas liner notes que acompanham o disco:
"The bandstand consisted of carpeted risers facing 58th street and was cluttered with the baggage of the Ellington bus. There the Miles Davis Sextet , like six stragglers from a larger band, took up the cause, while Plaza waiters took up the orders".

Faixas:
01 - If I Were A Bell (8:31)
02 - Oleo (10:38)
03 - My Funny Valentine (10:18)
04 - Straight, No Chaser (10:57)

Músicos:
Miles Davis - Trompete
John Coltrane - Sax. Tenor
Julian "Cannonball" Adderley - Sax. Alto
Bill Evans - Piano
Philly Joe Jones - Bateria
Paul Chambers - Baixo

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Esta postagem é uma parceria entre o blog Jazzman e o blog borboletas de jade
Boa audição - Namastê.

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5 comentários:

  1. Sensacional! Delirante!
    Valeu por mais essa.

    Fernando

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  2. Discordo. O músico mais importante do jazz é, sem dúvida, Duke Ellington. Miles Davis tem seu lugar no jazz, mas não tem o
    acervo do tamanho da obra de Duke.
    Davis era um músico brilhante, porém, excêntrico e cheio de manias.Relacionava-se muito mal com seus colegas e, ainda,era cheio de
    vícios comprometedores. Na vida
    paticular não foi exemplo para ninguém. Ronaldo Benvenga.

    N. B. Aproveito para dar os meus parabéns ao responsável pelo blog.
    Simplesmente imperdível!
    Meu site de músicas norte-americanas é o
    www.quintaavenida.mus.br

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  3. Para ouvir os grandes clássicos do jazz, descobri o Cotton Club. Só toca jazz bom!http://cotonete.clix.pt/ouvir/radios/popjazz.aspx

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  4. CONCORDO DE TODA FORMA,MILES DAVIS É PURO JAZZ. MARAVILHA DE SOM.

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  5. Eu costumo dizer que Miles era Discografia e Duke era melodia. Ser for para ser coerente, Duke e Louis foram os maiores, mas Miles não fica longe. Um homem que criou 3 revoluções jazzísticas num intervalo curto de tempo, pode ser considerado um gênio. Pena ter morrido nas suas próprias inovações.

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