sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Crítica: Bob Dylan - Modern Times

Bob Dylan - Modern Times
Columbia - Sony & BMG


Por Ricardo Vital

A longa espera (5 anos) por um disco de inéditas de um dos maiores ícones dos anos 60 foi compensada pelo deleite proporcionado a cada segundo de sua audição. Saudado por público e crítica como o melhor trabalho do músico, poeta e compositor em anos, a euforia sentida por fãs e mídia especializada é justificada ao se ouvir cada uma de suas faixas. Conceitualmente, o presente álbum encerra uma trilogia iniciada com os também aclamados “Time Out Of Mind” e “Love and Theft”.

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Sempre inovador, como ao adicionar guitarra elétrica ao seu Folk de protesto em plenos anos 60, Dylan parece nos provocar ironicamente com a escolha do título, clara alusão ao clássico filme de Charles Chaplin, já que sua sonoridade não remete aos ‘tempos modernos’, mas aos velhos e bons tempos do rock’n’roll.

As letras, cada dia mais perfeitas e inspiradas, vêm elegantemente trajadas por licks quentes, riffs maliciosos e timbres incendiários, para não falar nos solos, que nos fazem querer sentar e estudar – ou quebrar – a guitarra.

A primeira música Thunder on the Mountain, clássico instantâneo, já anuncia os arranjos impecáveis que se seguirão, navegando por baladas quase country, rockabilly, R&B e pelo mais puro rock. Fechando o CD, Ain’t Talkin’, um blues de encher os olhos de lágrimas e que dá uma lição de bom gosto através da pura poesia declamada pela voz rouca e anasalada mais querida da música popular.

Recheando esta obra irretocável, pérolas como Spirit on the Water, Rollin’ and Tumblin’, Beyond the Horizon e Nettie Moore, parando por aqui antes que eu cite todas as canções.

Destaque para o emocionante e sobrenatural tratamento dado às guitarras por Stu Kimball, Denny Freeman e pelo próprio mestre, que toca ainda piano e gaita.

Só nos resta parafrasear Keith Richards, que em outro contexto, no disco ao vivo e acústico Stripped, após os Stones tocarem Like a Rolling Stone, outro clássico de Dylan, sentencia: “Thank you, Bob”.RV

O guitarrista Ricardo Vital é colunista da revista Guitar Player e novo colaborador do blog JazzMan!


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2 comentários:

  1. Então, saiu uma notícia há pouco dizendo que o nome do disco não faz nenhuma alusão ao filme de Charles Chaplin. Na verdade (não me lembro muito bem e nem achei a notícia), o nome é inspirado num poema antigo, escrito durante a guerra civil americana.

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