sábado, 20 de setembro de 2008

Podcast - As influências do Rap no Jazz

Greg Osby Greg
Osby





































Na sequência:



Horace Silver

Jimmy Smith

James Brown

Gill Scott-Heron

Greg Osby e DJ Ghetto

Branford Marsalis & Buckshot LeFonque

Wynton Marsalis Quintet

Gang Starr - Dj Premier e Mc'Guru

Matthew Shipp & Antipop Consortium

Gang Starr - Dj Premier e Mc'Guru

Roy Hargrove & The RHFactor

Courtney Pine & Susaye Greene

Jazzanova featuring Capitol A






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Tudo começa com o blues: de um lado artistas negros como Ray Charles e Sam Cooke se apropriavam do gospel das igrejas para misturar ao blues, criando, assim, uma roupagem de música que ficaria chamada de Soul Music. Do outro lado os jovens músicos negros do Jazz como Horace Silver, Art Blakey, Miles Davis e Lee Morgan, também fugiam dos velhos standards, criando, assim, seus próprios temas carregados de Blues e Gospel: no Jazz nasce, então, um estilo que ficaria conhecido como Hard Bop, ou seja, era as influências do Bebop de Charlie Parker trabalhadas no âmbito mais espirituoso da música afro-americana. Nessa época já se falava em um adjetivo denonimado “funky” que podia ter vários sentidos, dependendo do âmbito em que se estava trabalhando: “dar mais ritmo”, feeling, “pegada”, “ênfase” em alguma frase; havia também o groove que era um termo mais ou menos relacionado ao funky. Em releases na época do Soul e Hard Bop o funky já aparecia não apenas como um adjetivo: em obras discos como Groovin' at Small's Paradise de Jimmy Smith, Moanin’ de Art Blakey, Silver’s Blue de Horace Silver e The Sidewinder de Lee Morgan, o “funky” já era um elemento constante bem percebido nas marcações rítmicas e nos chamados “riffs” que era as repetições em blues, mais propriamente para dar ênfase à acordes e arpejos de blues criando um sistema de perguntas e respostas: era a nova configuração de “Blues and Swing”. Todos esses elementos já eram bem comuns no blues arcaico e nos gospels songs das igrejas onde o reverendo ou o coral entoavam uma frase e a congregação respondia de forma espirituosa e frenética.



James Brown, um cantor que iniciou sua carreira cantanto Soul Music, foi um dos que atrelou o elemento “funky” ao ritmo, criando assim um estilo que passou a chamar do mesmo nome: Funk. A sacada de James Brown foi usar sessões de instrumentos com arranjos jazzísticos que criavam “riffs” que respondiam suas “perguntas” enquanto ele cantava, ao mesmo tempo em que a bateria criava uma batida bem característica. A partir dessa configuração, o Funk surge como uma grande revolução da música afro-americana, do mesmo modo em que o Rock – que, inicialmente, também surgiu de influências do blues com o country ou rockabilly - era tido como a música revolucionária dos brancos (alguns estudiosos dizem que até o Rock seria um ritmo genuinamente afro-americano). O “beat” ( ou a “batida”) característica do Funk levou ao aparecimento do Rap (ritmo e poesia): o pianista e tecladista Gill Scott-Heron foi um dos primeiros artistas a trabalhar com o Funk e Jazz ao mesmo tempo em que impregnava protestos em forma de poesia, criticando o sistema, a política e toda a opressão e conflitos pelos quais os negros sofriam em seus guetos urbanos. O período entre as década de 60 e 70 é bastante confuso e intenso porque marcou, além de outras revoluções culturais, a definitiva rebeldia dos negros contra o sistema político norte-americano; nas comunidades afro-americanas surgiu o movimento black power, no cinema surgiu o movimento Blaxploitation, nas grandes cidades urbanizadas surgiram os guetos e as gangues de rua, e, por conseqüência, surgiu a toda cultura Hip Hop caracterizada por esses movimentos e por formas de expressão como o grafitte e o Rap (ritmo e poesia).



Como podemos ver a toda música afro-americana é um desdobramento dos elementos raízes como o blues e gospel que surgem no início do século XX (a partir da opressão e de trabalho) e passa a se desenrolar criando suas variáveis. E é com as misturas das suas próprias variáveis que a música afro-americana se renova e se inova a cada década. A essência desse podcast é entender como surgiu o Rap e como ele vem influenciando o Jazz desde a década de 80 quando a cultura Hip Hop passa a ser não mais uma “cultura marginalizada” mas uma “cultura elitizada” que, a propósito, passou a ser vista como uma cultura de mídia. Músicos de Jazz como Branford Marsalis, Greg Osby, Steve Coleman e Roy Hargrove foram alguns dos pioneiros responsáveis por misturar e trabalhar com as possibilidades do Funky e Hip Hop. Branford Marsalis, um dos expoentes do Neo-Bop a surgir na década de 80, chegou a trabalhar em parceria com o grande cineasta Spike Lee (também um dos maiores ícones da cultura negra a surgir na década de 80) compondo uma mistura de Jazz e Rap para alguns dos seus filmes: com eles também trabalharam o DJ Premier e o Mc Guru, membros do grupo Gang Starr. Branford ainda chegou a montar um grupo na década de 90 que se chamou Buckshot LeFonque com um projeto que visava misturar Rap com Jazz. Roy Hargrove também trilhou pelos mesmos caminhos montando o The RH Factor, trabalhando tanto o Hard Bop quanto o Hip Hop. Greg Osby chegou a trabalhar por diversas vezes em parcerias com DJ’s e produtores do Hip Hop. Ou seja, não há como negar essa influência: até Wynton Marsalis, o famigerado conservador que aparece como um intruso nesse podcast, chegou a compor uma faixa onde ele canta e toca baseado no “rhytmn’poetry” em seu disco From the Plantation to the Penitentiary, um disco que caminha na mesma linha de protesto que a maioria dos primeiros discos de Hip Hop. Por fim o podcast mostra aspectos do novo R&B com o saxofonista Courtney Pine e o Jazz-Rap como influência de trabalho para o grupo Jazzanova, um conjunto de produtores berlinenses que trabalham com criações em torno das variabilidades da música eletrônica como House, Acid Jazz e Trip Hop, usando, na maioria das vezes, o Jazz e outros elementos da cultura norte americana em seus remixes ou até mesmo interações de pickup's e músicos de Jazz.



Para saber mais sobre o assunto leia o ensaio:



Do funky ao Rap: o frequênte uso do "beat" no Jazz





Um Post do blog Farofa Moderna

Visite também o Podcast Farofa Moderna





4 comentários:

  1. muito interessante esse podcast, fazia tempos que estava procurando dicas a respeito do jazz+rap

    só uma observação: no começo do podcast vc fala em "hits" e depois vc fala em "riffs" que é o certo...acho que vc se enganou, mas de resto está tudo muito genial

    Saravá, my brother

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  2. Caro Vagner Pitta,
    Além das feras mencionadas em seu texto, podemos lembrar também que Ron Carter teve uma certa experiência com o rap. Não me lembro exatamente em qual disco ou qual música.

    Fernando

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  3. ...

    opa, louis armstrong: é isso mesmo eu me confundí mesmo...valeu rs


    Fernando, o Ron Carterjá colaborava com o grande Gill Scott-Heron, considerado um dos precursores do Rap...


    O Herbie Hancock no começo dos anos 80 deu umas flertadas...tbm não sei em qual disco...


    abraços!

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  4. Grande Vagner Pitta,
    Lembrei com quem o Ron Carter gravou esse estilo de música, além do Gill Scott-Heron. Foi com o Mc Solaar. O encontro dos dois é mostrado bem no final do documentário do "Ken Burns".
    Abração.

    Fernando

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