Dare2 Records
Por Rafael Ribeiro
CLICK TO DOWNLOAD
Inglês nascido em 1946, contrabaixista desde os treze anos, Dave Holland é hoje ícone do jazz tal como Ray Brown, ídolo que o fez se apaixonar por esse gênero musical. Antes de entrar para o grupo de Miles Davis em 1968, já havia tocado com Coleman Hawkins e Joe Henderson. Atuou ainda com Anthony Braxton, Chick Corea, Stan Getz, Thelonious Monk, Jack DeJohnette, Herbie Hancock, Pat Metheny, Wayne Shorter e Sam Rivers, o seu grande parceiro musical.
Seu último trabalho, Critical Mass (2006), gravado em quinteto com Chris Potter (sax soprano e tenor), Robin Eubanks (trombone), Steve Nelson (vibrafone e marimba) e Nate Smith (bateria) o único com quem ainda não havia gravado, parece uma síntese da história do jazz. Os primeiros elementos utilizados na improvisação e o mais sofisticado tratamento de harmonia e forma, estão claramente audíveis neste disco, e por isso pode ser considerada uma das melhores aulas do gênero.
A interação dos músicos evidencia o quanto é necessário estar concentrado no som de todo o grupo e atento ao desenvolvimento das idéias musicais que o solista escolhe como referência. Motivos rítmicos, frases ascendentes ou descendentes, saltos melódicos, expansões harmônicas e variações de dinâmicas, qualquer material pode ser um recurso matriz de um novo ciclo. Mais, algumas vezes um efeito acumulativo gera sub-temas, assim como na música de Beethoven. A cada faixa novas possibilidades são apresentadas e num resultado final o disco mostra sua essência: uma conversa musical onde o assunto é tratado sob perspectivas diversas. Ouvindo e tocando ao mesmo tempo os músicos influenciam e se deixam influenciar, embora isso não signifique que o trabalho seja puramente espontâneo. O formato do arranjo é muito bem definido e alguns improvisos fazem referência até mesmo a essa estrutura, onde formas são sobrepostas e interpostas.
Talvez a faixa “Vicissitudes” seja o exemplo chave dessa aula, primeiro pela própria exposição do tema que é repetido três vezes, e a cada vez a orquestração é diferente. Segundo, pelo desenvolvimento das idéias musicais dos solistas. Chris Potter em seu improviso, cita “Garota de Ipanema”, e termina com o motivo rítmico que o tema de Holland tem como final. Steve Nelson, atento ao solo de Potter, repete a idéia imediatamente e acaba por fazer desta pequena célula rítmica o material de seu improviso. Nate Smith ensina que além de conduzir bem, um baterista deve saber improvisar, e isso significa comentar o tema na forma. Por fim, o acompanhamento do band-lider Dave Holland que dá na medida certa, suporte e espaço para os solistas.
Conhecendo a trajetória de cada músico envolvido neste trabalho, pode-se compreender que jazz se faz improvisando, mas é necessário um bom tempo de vivência ao lado de bons professores. Por isso a melhor síntese, em geral, faz quem aprendeu na fonte. Tomara esse álbum seja ouvido pelos músicos que se dispõem ao jazz, para que esta música evolua também segundo suas fontes. Tomara Holland, que hoje está entre a santíssima trindade do contrabaixo acústico jazzístico ao lado de Charlie Haden e Ron Carter, continue ativo por muitos anos para que se aprenda cada vez mais com ele.
Rafael Ribeiro
Bacharel em Música pela
Faculdade de Artes Alcântara Machado
Bacharel em Música pela
Faculdade de Artes Alcântara Machado
Rafael Ribeiro é Bacharel em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado e novo colaborador do Blog JazzMan!
Link Quebrado? Post Sem Foto?
Na minha modesta opinião, Dave Holland é o maior baixista de Jazz na atualidade.
ResponderExcluirnada a ver, o maior é Ron Carter, pois ele tem mais de 2 metros de altura...rs
ResponderExcluirbrincadeira...
mas falando sério, essa coisa de maior é complicado. Concerteza Dave Holland é um dos maiores baxistas não só da atualidade mas da história do Jazz, haja vista que ele, além de ter feito boas colaborações, tem liderado trabalhos fantásticos como esse da resenha!
Mas hoje em dia temos outros baixistas que estão no mesmo patamar: Christian McBride é um deles...
.
Sem esquecer o Dudu Lima...
ResponderExcluirE também o Arismar do Espírito Santo, é claro.
ResponderExcluirAcredito que em música não é digno competir e sim compartilhar.
ResponderExcluir