sábado, 12 de abril de 2008

Coluna: Jazz e História

Room in New York, 1932, Edward Hopper, oil on canvas, Sheldon Memorial Art Gallery and Sculpture Garden, University of Nebraska.

Apresentação


Saudações, internautas. Meu nome é Gustavo Machado, e é com orgulho que eu me apresento como colaborador de um blog pelo qual eu sempre tive bastante admiração: o Jazzman. Considero-me um entusiasta desta proposta de disponibilizar através da Internet discos e informações sobre o Jazz.

Nunca se foi tão fácil aprender sobre algo. Se eu tivesse nascido vinte anos antes do previsto, eu estaria gastando pequenas fortunas em discos, fuçando sebos e me decepcionando com a falta de material que a minha cidade dispõe sobre o tema. Sem compras pela Internet, sem iniciativas como a do Jazzman, estudar e apreciar o Jazz seria um atividade desencorajadora, principalmente no meu caso que moro afastado dos grandes centros e não teria acesso a fontes de informação de maneira tão ágil como necessitaria.

Em Aracaju, Sergipe, lugar onde resido, não existe lojas de disco. Fica-se, portanto, a mercê das lojas de departamento, onde com muita dificuldade você encontra um disco ou outro de algum crooner famoso, espremido entre um lançamento sertanejo e um sucesso da música baiana. Não há nada de condenável na cultura de massa, ela cumpre o seu papel em um país democrático. O fato é que, evidentemente, quanto menor o lugar, menores as minorias. No Nordeste da terra do samba e do sol, o Jazz sempre será a deliciosa minoria.

Não fosse a Internet, ainda faria minhas aquisições de música de maneira esporádica, em viagens ao Sudeste. O material que você lerá agora é uma compilação de livros, páginas da web em outros idiomas, anotações de filmes e documentários e conversas que eu tive com músicos e apreciadores do gênero. Espero que as informações desta seção possam contribuir com seus estudos, assim como espero poder receber sugestões e contribuições para ampliar também o meu conhecimento sobre o assunto.

Comecei a ouvir Jazz aos quatorze, quinze anos, praticamente por osmose. Acredito que uma paixão leva a outra, e assim aconteceu comigo. O cinema me levou ao som da Ella Fitzgerald, Billie Holiday, do Frank Sinatra. Estes, por sua vez, me levaram ao nome “jazz”, que antes soava como um estado de alfa que nunca seria alcançado pelos meus ouvidos. O vocábulo Jazz – por si só sonoro e misterioso - me levou então a uma grande confusão de sub-gêneros, aos quais, a princípio, eu negava a importância da segmentação, e aos quais, pouco a pouco, fui entendendo como diferentes nuanças de um todo fascinante.

Outra paixão aliou-se ao cinema e ao jazz para contribuir com a tese de que vivemos a saltar de paixões que se conectam diretamente: a História. O gostar pelo registro dos acontecimentos da humanidade me fez ter uma visão diacrônica da música e, por extensão do Jazz. É muito mais fácil e gostoso estudá-lo quando construímos associações com os acontecimentos da nossa civilização. O Jazz está para a história do século XX como uma trilha sonora está para um enredo cinematográfico. Sempre acreditei que a forma mais prazerosa de se ler ou estudar qualquer coisa, consistia em deixar-se levar pela leitura de tal maneira que ela fosse capaz de lhe sugerir imagens, sons, atmosferas, diálogos. Gosto de imaginar os personagens da história em seus gabinetes, piquetes, campos de batalha, bordéis, encruzilhadas, decidindo os rumos de seus povos, assinando tratados, traindo, amando, bebendo. Acrescento um toque pessoal a isso tudo quando adiciono a imagem colorida em minha cabeça uma trilha sonora que a transforme em uma cena emocionante, que poderia ter saído de qualquer filme arrebatador. Para mim, Jazz, Cinema e História são três faces de um mesmo objeto de estudo: a Humanidade.

Metodologia
O nosso estudo seguirá uma linha cronológica. Discutiremos sobre as eras do jazz, falaremos de suas particularidades, sempre que possível sugerindo vídeos, traçando comparações com a história, fazendo audições orientadas. A organização do material se dará quase como uma reprodução das anotações manuscritas que eu fiz ao longo do tempo. Acredito que assim, será possível alcançar um didatismo prático, para que você sai da leitura e parta para ouvir os discos, estimulado pela base fornecida pela leitura, mas sem esquecer que o foco é a sensibilidade que você mesmo desenvolve com a música apreciada. A apreciação artística é como um embate entre o universo que você era antes de apreciar aquela obra e o quanto o seu universo colabora ou é subvertido pela influência do produto artístico. O objetivo das minhas anotações é um só: intermediar este embate.

Introdução ao Jazz
O Jazz é uma manifestação artística musical originária nos Estados Unidos. As raízes desse gênero musical mesclam a harmonia, melodia e os instrumentos brancos com o ritmo, fraseado e a sonoridade africana. Esta manifestação surge no início do século XX, na região de New Orleans.
As características básicas do jazz são a forma sincopada (deslocamento de acentuação rítmica provocada pela execução de uma nota tocada em um tempo fraco que se prolonga até o tempo forte do compasso); polirritmia; improvisação e notas com swing, típico do ragtime.

PEQUENO GLOSSÁRIO
Pretende-se aqui esclarecer termos que serão essenciais para a compreensão de grande parte do material escrito.

Ragtime: é um estilo musical de ritmo sincopado baseado em esquemas de frases que se repetem. Foi bastante expressivo entre os anos de 1900 a 1920. As músicas animavam os saloons, bailes e eram as trilhas sonoras do cinema-mudo. O maior nome do estilo é Scott Joplin, compositor de The Enterteiner, Maple Leaf Rag e Charleston. Outro compositor, Eubie Blake, fez sucesso com o estilo na Broadway. (Existe um filme sobre o assunto, chamado Ragtime, dirigido por Milos Forman. Nunca achei esses filmes na locadora, muito menos para baixar na Internet, caso alguém tenha ou saiba como conseguí-lo, colaborações são bem vindas).

Swing: é a flexibilidade conferida a um ritmo, o balanço dado a uma frase, sem alterar a precisão e preservando o foco da música. É algo intrínseco à interpretação, não se é possível colocar na mais precisa notação de uma partitura.

Especula-se que a palavra “jazz” tenha se originado da palavra jasm, que inicialmente significava ‘energia, entusiasmo’. Em 1860 encontra-se para esse termo o significado de “mulher particularmente apaixonada”. Fala-se também de valor, força, talento, virilidade. Em New Orleans, a palavra foi associada ao ato sexual, ou ao cheiro que saía do corpo do negro durante o ato.

O termo foi usado pela primeira vez para definir música por volta dos anos 10/20 do século XX. A grafia era Jass, e o nome apareceu pela primeira vez na capa de um disco em 1917. O disco pertencia ao grupo Original Dixieland Jass Band. Junto com a brown New Orleans, estes foram as primeiras bandas de jazz de que se tem notícia.

Blues: é um estilo musical originado das canções dos negros afro-americanos, seja estas canções de louvação religiosa, conhecida como spiritual; canções de trabalho, conhecidas como worksongs, além dos cânticos e gritos cantados pelas comunidades de escravos libertos.
O som oriunda do sul dos Estados Unidos, em especial dos estados do Alabama, Mississipi, Louisiana e Georgia, onde os escravos plantavam algodão. Os lamentos, saudades de casa, a tristeza era denominada de blue ou devil blue, daí o nome do gênero musical que canta os lamentos dos negros.A fundamentação da música se baseia em notas tocadas ou cantadas numa freqüência baixa, evitando notas da escala maior e fazendo uso de uma estrutura repetitiva.

Improvisação: é característica fundamental para a natureza do jazz. Enquanto na música clássica, o objetivo elementar do intérprete é executar a composição como ela está escrita, no jazz, o músico interpretará a canção de forma peculiar, nunca executando a canção duas vezes da mesma forma.

Lista dos 10 melhores (segundo o teórico Marc Sabatella)
1 – Louis Armstrong;
2 – Duke Ellington;
3 – Billie Holiday;
4 – Charlie Parker;
5 – Art Blakey
6 – Charles Mingus;
7 – Thelonious Monk;
8 – Miles Davis;
9 – John Coltrane;
10 – Ornette Coleman.


Este é só o começo de um extenso estudo, que serve apenas como um guia para que, a partir dele, você possa se aprofundar naquilo que mais despertou seu interesse. No próximo post começaremos a ver os primórdios do Jazz, durante os anos 20 até o início dos 30), falaremos sobre o Dixieland Jazz e outros estilos contemporâneos. Fiquem à vontade para entrar em contato comigo através do meu e-mail gustavoadolfo@gmail.com, ou através da minha página no Orkut:.


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Um comentário:

  1. Muito interessante esta matéria, eu gosto de jazz mas nunca parei para me aprofundar em suas origens e história.
    Continue postando esta coluna pois será muito útil para pessoas como eu. =)

    parabéns pela iniciativa o/

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