Um dos maiores escritores moçambicanos da actualidade, Mia Couto, concedeu uma entrevista ao jornalista brasileiro Leonêncio Nossa, do jornal "Estado de São Paulo", na qual aborda diversas questões, desde a literatura até às relações culturais entre os países que se exprimem em português.
Como não podia deixar de ser, Mia Couto, fala também da situação que atravessa Moçambique, esse país do outro lado do mundo, muito desconhecido pelos brasileiros, mas apelidado por outros como sendo "A pérola do Índico".
Não resisto a chamar a atenção de todos para a entrevista, que pode ser lida na íntegra no blog: wwwnantchite.blogspot.com, sob o título "África, com amor e raiva".
Aí vai um excerto da referida entrevista:
"O senhor sempre faz questão de ressaltar que é moçambicano. No dia-a-dia, por ser branco, sente não ser visto como moçambicano?
Eu sinto que sou moçambicano de uma minoria. Sinto isso, o que dói. Mas não é que me sinto de outro lugar ou de outra nacionalidade. Sei que muitos amigos que são negros têm o mesmo drama que eu. Nasceram dentro da língua portuguesa, viveram uma cultura igual à minha, de língua portuguesa, e têm dificuldades de se reencontrar neste espaço comunitário. Há muito escritor moçambicano que tem o mesmo distanciamento em relação àquilo que é cultura popular. Eu me defino como um diverso, sou moçambicano, sim, esse é o eixo central, mas também sou português, e também sou brasileiro. Alguma coisa que devo à inspiração. Eu sempre dizia que a literatura era o lugar em que eu ia viver. Eu não sou só escritor. Eu só me sinto vivo e me sustento enquanto leio e escrevo neste universo, sou muito brasileiro nesse aspecto. Meus grandes mestres foram Drummond de Andrade, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Adélia Prado. Os nomes da referência são muito mais brasileiros que portugueses e moçambicanos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário